LIVROS || Love Her Wild


O livro de poemas de Atticus veio parar às minhas mãos tão depressa quanto o li. Provavelmente, este nome é-vos familiar e a explicação é simples: não há rede social onde ele não impere, entre partilhas no Tumblr, Pinterest ou Instagram. A probabilidade de vocês já terem lido algo da sua autoria — mesmo que sem o merecido crédito — é muito elevada, sendo várias vezes comparado (compreensivelmente) com Rupi Kaur.

Na verdade, ninguém sabe quem é Atticus, uma vez que, embora os seus livros se consagrem sempre em best sellers, o autor não revela a sua identidade. A combinação da sua sensibilidade poética, encaixe perfeito no mundo digital e a identidade misteriosa tornaram-se nos ingredientes essenciais para ser um dos poetas mais populares da atualidade.

Love Her Wild mantém a pegada digital pela qual já é conhecido, fazendo acompanhar os seus poemas curtos e simples com fotografias a preto e branco que procuram dramatizar e dar mais intensidade a cada passagem.

O título não deixa margem para dúvidas de que o tema principal deste livro são poemas de (des)amor. A leitura é fluída e bastante rápida, sendo perfeitamente possível terminarem o livro no próprio dia em que o começaram. Várias constatações passaram na minha mente durante a leitura e a principal foi o quanto este livro não me magnetizou. Acredito que se deve a uma combinação de fatores; 1) a falta de identidade das fotografias — que não achei uma estratégia bem conseguida porque pertenciam a bancos de imagens e, portanto, em nada refletiam a identidade ou licença poética visual do autor, assemelhando-se ao amadorismo de qualquer utilizador no Tumblr; 2) o excesso de popularidade digital — um pouco à semelhança de Rupi Kaur, muitos dos textos presentes no livro já tinham sido mais do que explorados na internet e a experiência foi mais um reconhecimento de leitura do que de descoberta; 3) a idade com que o li. Talvez fosse um livro que conversasse mais comigo numa fase de vida mais jovem. Provavelmente, não sou o público-alvo deste livro e muitas das observações do próprio autor não me desencadeavam particular empatia — algumas refletiam a imaturidade adolescente que todos nós já detivemos e que o crescimento aprimorou.

Embora tenha feito algumas descobertas boas — há poemas que, de facto, tocaram-me e que gostei —, não achei suficientes para o considerar uma leitura arrebatadora. Consideraria na flor da adolescência — entre os 15-18 ainda é um livro capaz de conquistar o público — mas a falta de elementos novos e o amadorismo da edição não me arrebataram. Prefiro acompanhar o seu trabalho e amadurecimento artístico — e emocional — no mesmo lugar onde ele deu os primeiros passos da sua carreira: no digital.

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Bertrand

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1 comentário

  1. O nome não me dizia nada até mencionares as várias citações que vamos vendo, especialmente no Pinterest (no meu caso) mas nunca tomei atenção nem procurei saber quem seria o autor.
    Vou pesquisar sobre ele mas acredito que talvez tivesse a mesma opinião que tu sobre não sermos o público-alvo e não nos tocar como talvez pudesse tocar. Agora é mais um constatar do que sabemos, daí serem citações/poemas tão partilhados.

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