EVENTOS || Gala Internacional de Ballet 2016


Que melhor forma de terminar um Sábado cheio de Sol e bons passeios? Com um bailado ao final da noite. E um bailado especial, uma gala de celebração da dança. E escolhi uma companhia muito especial: a minha avó. Uma pessoa que adora tanto a cultura, que visita Lisboa de propósito para uma boa peça de teatro, uma divertida revista e que já fez presença em imensos concertos, até era chocante de dizer que nunca tinha visto ballet ao vivo. E não por desinteresse. Já muitas vezes a tinha visto suspirar para a televisão, olhando para os bailados que passavam nos canais e pensei "Os netos também merecem riscar desejos da lista dos avós e não apenas o contrário". E lá comprei os bilhetes e surpreendi a minha companheira cultural.
A companhia de bailado Russian Classical Ballet voltou a Torres e trouxe consigo uma Gala Internacional de Ballet onde pudemos apreciar solos e pas de deux de alguns dos bailados mais famosos do mundo. A Bela Adormecida, A Morte do Cisne, Le Corsaire, O Talismã, Gopak, O Lago dos Cisnes, A Esmeralda, Giselle e Dom Quixote foram os bailados escolhidos para nos presentearem com as coreografias principais, contando com oito bailarinos fenomenais, todos com escolas e formações diferentes, para tornar o espectáculo ainda mais diversificado.

Achei brilhante o conceito desta gala. Conseguir seleccionar, a dedo, algumas das coreografias dos bailados mais emblemáticos do ballet e conseguir que o alinhamento fosse harmonioso, equilibrado e bonito ao mesmo tempo não é fácil. São peças muito divergentes umas das outras, com exigências, composições e esquemas muito contrastantes uns com os outros e que poderia resultar num desastre. Acho que uma das melhores jogadas foi mesmo a ausência de cenários; Não havia cenários trabalhados, não havia panos de fundo, simplesmente jogos de luz. E isso permitiu que a transição entre peças fosse menos confusa, levasse menos tempo e fosse mais fluída. Mas nada faltou; O guarda roupa. Lindíssimo. De fazer suspirar; Os bilhantes, lantejoulas, rendilhados, tules esvoaçantes com uma fluidez mais lenta que a perna da bailarina e que, por isso, ficava com um efeito magnífico, como se o seu vestido desenhasse no ar os movimentos da sua bailarina, as cores, os adereços. Os penteados e a maquilhagem. E os bailarinos não ficavam atrás, com as suas peças, também elas, muito trabalhadas e que promoviam a elegância e a força.

Ainda não vi todos estes bailados e há muitos daqui que estão na minha lista para assistir há, literalmente, anos, mas achei fabuloso poder ter um gostinho de cada um. Como uma fatia de bolo maravilhoso que nos convida a comer o resto. Foi um convite a ver a totalidade, foi uma prova para ver se iremos gostar do seu todo. E fiquei conquistada com muitas delas. Se a urgência para as ver já era muita, agora é essencial ver o resto. Cada bailado teve o seu tempo de antena certo. Não achei que nenhum soube a pouco nem achei que batalharam demais na mesma história. Foi altamente bem pensado e equilibrado. Majestoso e elegante.

Gostei mais de algumas duplas do que de outras, mas a dupla japonesa com Terada Midori e Okawa Koya foi a minha favorita, a léguas. Okawa foi exímio nas suas piruetas e Terada conquistou o público inteiro com a sua elegância, com os movimentos delicados e com o sorriso tão meigo. Mas Margarita Demjanoka não se deixou ficar atrás e deixou a plateia inteira em silêncio absoluto e tristeza no olhar com o poderoso solo d'A Morte do Cisne. Foi muito intenso. 
Uma das coisas mais fantásticas de ver bailados é que é um espectáculo muito rico ao olhar. Há muita coisa para podermos observar sem ser apenas o todo. A colocação dos pés, a posição das mãos, a postura nas piruetas, a forma como o bailarino dá apoio à sua parceira, a expressão facial, o olhar para o público e, incrível quando existe, a química no olhar entre pares. Há tanto para ver que não só e apenas a coreografia na sua superfície.

Foi um espectáculo tão bonito, tão doce, tão agradável que só tenho pena de duas coisas: a fraca presença de público (continua a partir-me o coração que as pessoas não se interessem por outra parte da cultura que não apenas cinema e festivais de Verão), e o palco pequenino, que me fazia ficar com o coração na boca cada vez que faziam recepções na beirinha do palco. E o facto de jamais terem falhado ou hesitado só me faz admirar ainda mais estes artistas. A minha avó ficou maravilhada e eu também. Não foi o bailado da minha vida (ou Gala, digamos) mas foi tão maravilhoso! Recomendo-vos. Eu vi no conforto da minha cidade, mas ainda vão passar por Lisboa, Sintra e Figueira da Foz e o preço do bilhete não é, de todo, um absurdo (20 euros, senhores, gastam muito mais numa ida ao cinema!) Recomendo muito para quem nunca viu ballet ao vivo, é uma boa introdução, com diferentes peças (quem sabe não se interessem mais por alguma delas em particular e a procurem no futuro), 90 minutos que vão passar a voar e que vão valer a pena!

Fotografia da minha autoria, por favor, não a utilizar sem autorização prévia

4 comentários

  1. oh achei tao amoroso da tua parte teres te lembrado da tua avó <3, tambem nunca vi ballet ao vivo mas sou apaixonada pela dança por isso é algo que sem duvida está na minha wishlist :)
    beijinhos

    http://umacolherdearroz.blogspot.pt/

    ResponderEliminar
  2. Adorava assistir a um bailado, aposto que ficaria completamente rendida! Tenho um carinho enorme pelo ballet!

    ResponderEliminar
  3. Só te digo, grande avó, que aprecia genuinamente os detalhes culturais que a Tuga tem para oferecer! ;)

    ResponderEliminar
  4. Um dia vou assistir a um bailado :)

    Cátia ∫ Meraki

    ResponderEliminar

Partilha comigo o teu comentário ou opinião sobre este artigo. Sempre que possível, respondo às perguntas diretamente no comentário. Obrigada por estares aqui :)

Desde 2014

Instagram


P.S: HÁ SEMPRE BOAS NOTÍCIAS AO VIRAR DA ESQUINA
_______________________
Bobby Pins. Theme by STS.