BLOGOSFERA || Vamos falar sobre exposição?

Fotografia da minha autoria, por favor, não a utilizar sem autorização prévia

Enquanto blogger e leitora durante todos estes anos, este assunto da exposição é uma temática que eu sinto que ainda é muito questionado e pensado e repensado por quem se quer iniciar num blogue (ou para quem quer sair do anonimato). É uma questão que intimida e que muita gente considera, por vezes, um passo maior que a perna. Como me expor? O que expor? Como lidar com o facto dos meus amigos, familiar ou até colegas de trabalho/escola/faculdade saberem que tenho um blogue? Será que existem comentários? Será que vão gozar comigo?

A exposição inevitavelmente faz parte de um blogue com identidade. Existem as vantagens e desvantagens, como sempre e não nos podemos esquecer que a característica única de termos um blogue é que ele é construído e pensado à medida do autor: ele rende com o conteúdo que nós escolhemos publicar e, quase sempre, depende da nossa vida para que haja conteúdo. Porque nós falamos de assuntos que se passam na nossa vida e quando me refiro a isto não falo só de momentos importantes na nossa vida mas de quotidiano. Não falamos de um creme sem o ter testado e usado em nós. Não falamos de um gelado que não tenhamos comido. Não apresentamos uma roupa que não tenhamos saído à rua com ela. É da nossa vida, certo? E isso, inevitavelmente, já é exposição. Mas eu reuni um conjunto de pontos que quero falar mais pormenorizadamente sobre a exposição, de forma a tentarmos responder às perguntas lá de cima, ou a reflectirmos sobre elas se nos queremos expor, pelo menos.

Não laves roupa suja no teu blogue: Já escrevi sobre isto mas repito-me porque é um clássico. As chatices com a família, as intrigas com a ex-amiga, os rancores com a chefe, com a colega, com a cunhada, a sogra, o gato... Assim fica difícil garantir uma exposição saudável! Se usam a vossa página para desabafar as intrigas da vida, como podemos olhar para a nossa exposição e blogue com confiança? Ninguém quer ler se estão chateados com o vosso pai. Todos nós temos as nossas neuras, já todos nós discutimos com a família e achámos insuportável algo que uma colega nossa fez. Mas não é isso que se quer ler num blogue. Não é interessante e arrependemo-nos sempre disso quando vamos ao arquivo de há um ano ver o que escrevíamos. Evitar estes assuntos é o ideal, especialmente se queremos dar a cara pelo nosso blogue. Pensem assim: não acham que a vossa mãe ia ficar um pouco magoada se percebesse que o blogue, a vossa criação, é um espaço para falarem mal dela de cabeça quente? Acho que a ia ferir muito mais do que a razão pela qual discutiram. Além de que lavar a roupa suja torna o vosso blogue numa revista de mexericos sobre a vossa vida e não um site de conteúdo que se orgulhem.

Não há mal nenhum de falarmos e escrevermos sobre as coisas que gostamos: E se sou gozada? E se fazem bocas e comentários sobre o que escrevo? A minha pergunta é: e porque o haviam de fazer? E se a vossa resposta for porque são parvos, então vou contar-vos uma novidade brutal: o mundo está cheio de parvos e não precisam de dizer que têm um blogue para eles darem ares de sua graça. Basta vocês existirem para existirem também parvos a comentar a vossa existência. Achar parvo escrevermos sobre o que gostamos é que é parvo. Que mal há de teres uma página que fala sobre um restaurante onde gostaste de ir? Ou de uma roupa onde te sentiste bonita? Ou de um momento importante para ti? Se fazes o que gostas sem interferir com a liberdade e espaço dos outros então não tens de dar a mínima satisfação. E quem exercer energias negativas sobre algo de que gostas não gosta de ti. Quem gosta de ti vai sempre apoiar-te nas coisas que amas fazer, especialmente algo tão pouco malévolo e louco que é escrever. Não é vergonha nenhuma ter um hobby um pouco diferente dos outros e normalmente fazemos um filme enorme sobre isso. Eu também fiz. Achava que iam fazer piadas. Sabem quantas piadas ouvi? Zero. Inclusive surpreendi-me; Muita gente também queria fazer blogues e pediu-me conselhos! Algo que eu nunca iria saber se tivesse medo de me expor. Mas se tiveres o azar de ter alguém que não compreende isso, let it go. Não merece a tua preocupação nem vergonha. Não há nada de mal, metam na cabeça. Livrem-se de pessoas que não são positivas em relação aos vossos projectos.

O blogue automaticamente amadurece quando te expões: A partir do momento em que dás uma identidade verdadeira ao teu blogue, és muito responsável pelo que escreves. Afinal, as pessoas vão conhecer e reconhecer quem está a escrever para elas em determinada página. E isso faz com que amadureças. Em todos os sentidos. Na forma como escreves sobre assuntos mais delicados, na forma como abordas sobre certos momentos, no peso que sentes que é recomendar determinada coisa ou sugerir determinado assunto para reflectirmos. E isso não deve ser visto de um ponto de vista negativo, muito pelo contrário. A sensação de nos escondermos num anonimato muitas vezes (salvo raras excepções!!!!) faz com que não paremos para pensar no que vamos publicar. Faz com que não nos lembremos de reflectir sobre a nossa reflexão. E isso dá oportunidade a arrependimentos de publicações, a publicações de fraco conteúdo, a publicações mal pensadas ou até mesmo à falta de coragem de falar de um assunto que talvez, com a cara na página principal do blogue até falássemos. Pois é. Nem sempre a liberdade de escrita está do lado dos anónimos. Por vezes, o "poder da caneta" e o passo para um bom blogue está em sairmos do armário. Já pensaram nisso?

Permite-te ao luxo de ser offline: À medida que te expões mais as pessoas querem saber tudo. Se vais viajar, as pessoas querem que contes tudo e mostres fotos. Se vais ver um filme, as pessoas querem saber por ti se é bom. Se tens namorado, as pessoas querem saber detalhes da relação. Se compras algo, as pessoas querem saber onde e a que preço. E é bom, significa que não só sentem ligação connosco como também valorizam a nossa opinião. Ninguém iria querer saber o que achaste daquele creme ou daquele assunto da actualidade se a tua opinião não fosse de peso. As pessoas não iriam querer saber. Mas eu acho que é igualmente importante permitirmo-nos a sermos offline. Fazer viagens sem termos de as registar se não queremos. Ver filmes sem termos de falar sobre eles. Ouvir músicas sem as termos de referir. Ter momentos a dois, com a família ou amigos sem que os outros saibam. Gerir os momentos de partilha com os momentos só nossos e das nossas pessoas é essencial para conseguir delimitar o quanto queremos estar expostos aos nossos leitores. E é saudável haver um equilíbrio porque nos permite respirar e também entusiasmarmo-nos quando é a oportunidade perfeita para partilhar uma sugestão ou momento. O que é demais cansa. Para os dois lados. Não há mal nenhum em querermos guardar certos momentos, pensamentos ou sugestões só para nós.

Tu és a blogger. Não as tuas pessoas: O segredo para nos expormos de forma saudável para as nossas pessoas é elas perceberem que o facto de tu estares mais exposta ao mundo não significa que eles tenham de seguir a tua linha. O meu namorado, por exemplo, preza imenso a sua privacidade e eu não deixo de falar de amor no Bobby Pins. Mas não tenho de o expor exaustivamente só porque quis dar a cara pelo blogue. Ou dos meus amigos e familiares. Eu respeito muito isso. Assim como eles respeitam que eu escreva e que fale de momentos especiais para mim que os envolvem. Ou de restaurantes que fui com eles. Ou reflexões que fiz com eles. Fazem parte da minha vida mas não do meu blogue e isso é algo muito importante de se perceber e gerir quando nos queremos expor. Temos de os proteger da melhor maneira possível. Espero estar a ser bem sucedida, aliás. 

Escreve algo de que saibas que te vais orgulhar: Desde uma review de um batom a uma publicação em que reflectes o teu amor pela tua família. Escreve sempre na perspectiva de te orgulhares do que escreveste. Sou sincera, por muito ou pouco feedback que as minhas publicações tenham tido ao longo dos anos no Bobby Pins, não há nenhuma em que não me orgulhe do que escrevi. E quando isso acontece, tudo é mais fácil. Não há ponta para intrigas, não há espaço para gozarem comigo nem medo se me abordarem acerca do blogue. Porque se me orgulho disso é porque a qualquer momento poderia ser algo que iria falar pessoalmente com as minhas pessoas e se isso acontece, onde posso me envergonhar ou querer guardar segredo? Eu quero que o meu blogue seja um resultado positivo e que guarde com um grande sorriso nos lábios. Se as pessoas o reconhecerem ou souberem que sou eu que estou por detrás dele, isso é secundário. A magia acontece quando escrevemos as coisas mais bonitas do nosso mundo.

Quem tiver opinião ou experiência sobre este assunto também está à vontade de deixar mais dicas nos comentários. Dei-vos umas luzes?

15 comentários

  1. ajudaste-me bastante, e desde aquele tweet que pensei que o ias conseguir fazer! obrigada :)

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  2. Oh Inês, nem sabes o quanto este post me deixou a pensar. Eu não me exponho totalmente no blogue. Ainda que o meu nome seja Ana, a minha cara não está estampada na página inicial e tento ser discreta quanto a informações mais pessoais. Não me sinto totalmente à vontade para me expor, precisamente por ter receio da reacção de outras pessoas (particularmente aquelas da minha área profissional). Mas não me envergonho de nada do que escrevo e sei que não faltará muito até ser mais transparente. Porque a verdade é essa, todos temos hobbies e este é só mais um - um menos habitual, mas mais um.

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  3. Este post é ouro, Inês!

    O primeiro ponto: YES! THANK YOU! ODEEEEEIO ver isso - é motivo suficiente para eu deixar de ler um blogue.

    O segundo: foi o motivo principal para eu demorar anos a entrar nisto. E depois percebi que não, as pessoas não vão cair-te em cima! E quem cair...manda-as àquela parte!

    Quanto ao resto: é mesmo uma questão de equilíbrio e empenho. Equilíbrio no que partilhamos e empenho em criar bom conteúdo. :)

    Jiji

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  4. Deste-me mais do que luzes. Ofereceste-me candeeiros e candeeiros de luzes com todas as cores e feitios! Eu acho que para quem está a começar ou mesmo para quem já cá está há imenso tempo, nunca é demais relembrarmo-nos de que existem receitas que funcionam para que o blogue tenha a nossa impressão digital, e outras que deveríamos evitar a todo o custo para não mancharmos todo o nosso trabalho. Concordo plenamente contigo quando dizes que devemos ser conscientes e pensar de uma forma racional no que toca a expor a nossa vida. Embora seja o nosso blogue, isso não implica que atiremos baldes e baldes de informações pessoais. E tu, sendo a boa blogger que és, há que agradecer pelo facto de nos alertares de vez em quando para estes problemas.

    avidadelyne.blogspot.pt

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  5. O meu blog é semi-anónimo. Não me importo que os meus seguidores vejam o meu instangram, saibam de onde eu sou... Gosto de escrever sobre coisas pessoais, entre outras coisas, e não me sinto à vontade para dizer a toda a gente que conheço que tenho um blog. Há sempre a probabilidade de alguém conhecido o encontrar, mas isso também já não é novidade para mim, por isso evito algumas coisas e sigo algumas regras pessoais, das quais algumas das que aqui falas

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  6. Publicação incrível, Inês! Não podia concordar mais com cada linha que aqui escreveste. Sempre tive um medo enorme que descobrissem os meus blogues quando ainda era anónimo e, por isso mesmo, tinha grande dificuldade em perceber o que poderia ou não publicar. A sensação de "é melhor não escrever pois caso algum amigo meu leia isto vai perceber que fui eu que escrevi" perseguia-me diariamente. Quando finalmente ganhei coragem e deixei o anonimato de lado, por incrível que pareça, esse medo desapareceu. Isto porque, quase automaticamente, passei a filtrar de outra forma tudo o que queria transmitir através do meu blogue. E apesar de achar isso meio estranho, não deixa de ser incrivelmente interessante. Obrigado pela publicação!

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  7. Ri-me imenso com o primeiro ponto, so true! Não há nada mais aborrecido que entrar num blog e sermos atacados com 1001 publicações sobre as discussões com o namorado. Ugh!

    O segundo ponto é aquele com que ainda tenho alguma dificuldade em lidar. Apesar de ter criado este blog fora do anonimato, a verdade é que levei meses e meses até contar aos meus amigos mais próximos que o tinha. O que aconteceu? Nada. Leram, gostaram e nada mais. O próximo passo vai ser ganhar coragem para meter o link no instagram, mas um dia destes consigo haha.

    É extremamente importante ter a noção que só porque nós damos a cara, o mesmo não se aplica às "nossas pessoas". Há que saber respeitar a privacidade dos outros e, tal como tu, também espero estar a ser bem sucedido. Quanto ao último ponto, subscrevo inteiramente. De que adianta escrever algo de que não nos orgulhemos? Não faz sentido.

    Ricardo, The Ghostly Walker.

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  8. São excelentes sugestões! Há uns tempos que tenho vontade de voltar a criar um blog, mas neste momento não encaixa mesmo sobre o que escrever e não faz sentido... Mas se um dia voltar certamente voltarei a ler isto com atenção. Já agora, gostas de Star Wars?

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  9. Mais uma publicação sem nada a acrescentar. Agora que me iniciei num novo blog, tive que pensar muito antes de o fazer e sei também que agora tenho equacionar muito bem antes de escrever sobre determinado tema. Estamos mais exposto mas ao mesmo tempo acho que nos sentimos mais nós próprios.

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  10. Para mim, foi das melhores publicações que já li! Por vezes, penso muito no que os outros vão achar e quase ninguém sabe que tenho um blog, e esta publicação realmente fez me refletir sobre o assunto. Criei o meu blog porque queria partilhar sobre coisas que adoro, independentemente se para os outros são significativas ou não, mas tenho tido muito receio de falar sobre o que realmente quero e tu ajudaste me a refletir.
    Adorei mesmo o teu texto, beijinhos
    http://semmediidas.blogspot.pt

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  11. Excelentes dicas, Inês! Tens razão em tudo o que escreveste!
    Beijinhos :)
    http://those-colorful-words.blogspot.pt/

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  12. Sinceramente não gosto deste tipo de posts em que o blogger dá a sua opinião sobre um assunto mas partindo do princípio que isso são verdades. Por exemplo, se não gostas de ler assuntos mais pessoais, não sigas esses blogues. Não entendo qual a lógica de, lá porque tu não gostas, aconselhares a que não o façam?

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    1. Não te proíbo de o fazeres mas é, como tu dizes, lógico. Primeiro, porque não são assuntos pessoais, são assuntos íntimos (temática que já abordei há uns meses no Bobby) onde normalmente há uma exposição enorme não só do blogger mas das pessoas ao seu redor (que têm o DIREITO de não querer esse tipo de exposição, e pode correr mal), o que dificulta neste caso o reconhecimento aos amigos e familiares de que se tem um blogue. Se alguém gostar de os ler, porreiro, até porque o assunto da publicação não é esse. E não sigo esse tipo de blogues, evidentemente, o que não significa que os proíba que escrevam. Mas que não são favoráveis, logicamente que não. E não precisas que seja um blogger a dizê-lo para que o reconheças, se reflectires um pouco sobre isso. E na mesma linha de pensamento do teu comentário, se não gostas deste tipo de publicações, não sigas esses blogues :)

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  13. Sinceramente, cada vez tenho mais refletido no primeiro ponto que escreveste. Tens mesmo razão no que dizes. Estou a tentar um dia criar um blog sem anonimato (já tive um só que não deu resultado porque não sabia bem o que escrever ao certo).
    Tenho-me mesmo apercebido que o meu blog é um pouco negativo e por mais que não queira "massacrar" as pessoas com os meus desabafos, tenho sempre necessidade de desabafar...
    Diz-me, como consegues? Tipo, controlar a informação que dás, escrever mesmo bem e ter sempre temas interessantes para falar?
    Podias fazer um post sobre isso (é só uma ideia) :)

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