PASSAPORTE || Noite de Paris


Na primeira noite em Paris, depois de ter jantado na zona onde me instalei (pertíssimo do Louvre) fiz a caminhada até à Torre Eiffel. Não é, de todo, perto, mas em 2005 - por razões que ainda hoje desconheço - não pude ver a Torre iluminada durante a minha semana por lá, o que me entristeceu. 10 anos depois não quis perder a oportunidade.
Em pleno Abril não fazia frio e levei o meu casaco beje por mera precaução. De mãos nos bolsos fui acompanhando o rio que me levava alguma brisa no rosto e impedia os meus cabelos de virem para a frente. Fui reconhecendo os lugares que estive e os museus que visitei outrora, com as luzes exteriores a desenharem uma silhueta clássica e cheia de sombras nos mesmos, sempre com a linha do horizonte na mira para ter os vislumbres da Torre. Não levei mapa e simplesmente guiei-me pelo seu recorte elegante, luminoso e amarelado no céu. Foi uma caminhada tão grande que deu para saborear e pensar em tudo.

Passei pela rua da Universidade, uma rua infinita e cheia de estudantes. Alguns a sair, em plena noite, atarefados de cadernos, outros nas escadas das casas a beber e a conversar. Apanhei um grupo português com as sweats da Universidade no alpendre a discutir qualquer coisa com alguém de sotaque brasileiro. A rua nunca mais acabava e a Torre estava sempre na minha mira à esquerda. As ruas tinham uma penumbra alaranjada dos candeeiros e lembro-me de invejar a vista que cada uma das janelas daquele lado proporcionava. Muitas delas o telhado era com janelas gigantes e não pude deixar de me perguntar como é que alguém consegue estudar com semelhante vista no quarto. 

Lembro-me de ir a passo lento e de passeio nos jardins com a gravilha a fazer o único som daquela caminhada e de pensar no inédito caso do avião que passou por baixo da Torre Eiffel, que agora se erguia tão alta e em tanto esplendor que tinha de curvar a cabeça para trás para ter um panorama inteiro da mesma. Desejei tanto que ele estivesse comigo para ver tudo e para tagarelarmos até à base. Mas, concluo, nunca estamos sozinhos em Paris. Bom, eu não me senti. É uma cidade que nos recebe, preenche e deslumbra. E naquela noite, tão simples e tão turística, eu senti-me num elemento quotidiano e não estranho. Talvez porque seja cada vez mais uma miúda do mundo, que tem sempre mais um espacinho para uma nova localidade. E com quem não me importo de dividir esses espacinhos.

5 comentários

  1. Só vi a Torre Eiffel iluminada do ar! Que texto magnífico Inês! Não paras de me surpreender com a tua escrita!

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  2. Nunca vi a Torre Eiffel e muito menos fui a Paris , mas está na minha lista de desejos e é sem dúvida o lugar que mais quero visitar :)

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  3. Infelizmente Paris ainda é um destino da minha lista de sítios a visitar.

    Já tinhas falado da tua ida a Paris aqui no blog? É que ou ainda não te seguia ou então passou-me completamente ao lado :O

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  4. Espero ter a oportunidade de visitar :) beijinhos *

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