MUNDO || Eu e o dia da mulher


Sou a miúda mais insegura e cheia de neuras sobre mim própria. Não tanto sobre o meu próprio corpo mas sobre as minhas atitudes e comportamento. Quando digo que não tenho neuras sobre o meu próprio corpo não estou a dizer que me sinto a próxima Sampaio a desfilar na rua mas a vida e o meu curso fizeram-me entender que a genética e os hábitos assim o ditam e que se sou assim, sou assim, por isso é bom que comece a criar alguma convivência pacífica com as minhas coxas, com o meu nariz entre outros. 

Mas sou insegura na minha pessoa. No sentido de me sentir suficiente para tudo, seja o que for: nos meus desafios diários, na minha própria possível profissão, nas relações, no desporto ou até mesmo no blogue. Sinto que sou muito mas nunca o bastante e como sou a maior crítica de mim mesma, reconheço a léguas todos os meus defeitos e manias, as minhas birras e amuos, o meu feitio complicado, o meu mau-feitio e todos os outros lados obscuros e complicados de mim. Porque sei que não sou uma miúda fácil de lidar e essa noção faz-me sentir insegura quando se aproximam de mim. 

Enquanto mulher, tenho tentado ter mais força sobre mim mesma. Certo, eu tenho tentado melhorar o meu humor, tenho tentado ser mais paciente e menos teimosa sobre as minhas convicções, tento controlar a birra da fome e o mau humor, tento não ter um ar tão extravasado mas, tal como o meu corpo, a genética e os hábitos não perdoam e sei que continuarei assim. Tenho tentado ver-me como uma pessoa que, mesmo com todas as neuras do mundo, merece ser amada e bem amada, merece que se sinta suficiente e merece que lhe reconheçam o esforço. Cada vez mais tenho tentado viver as coisas no presente, sem promessas, sem sensações de ilusão. E se gostam de mim, perfeito. Se gostam de cada detalhe de mim e se estão comigo mesmo quando faço birra, têm-me para sempre, mas se não têm pachorra e vão-se cansar, por muito que custe, eu respeito e sigo em frente. Porque eu sou assim. E tenho de me sentir suficiente para mim mesma, até quando sinto que não encaixo no mundo.

Tenho-me sentido muito importante e isso emociona-me, a tal ponto de até vir uma lagriminha no olho a meio de um abraço (que tento esconder porque aparecer a chorar do nada a meio de um abraço num momento alegre traz um milhão de perguntas). Mas quero estar mais firme. Com todos os meus defeitos, eu amo-me como sou e isso faz com que todas as relações que tenho à minha volta sejam mais suportáveis e menos dependentes, por muito medo que tenha de perder as minhas pessoas. 

E eu acho que isso é que é ser mulher e amar-se. É reconhecer que não sou perfeita, de longe, mas reconhecer também que, como qualquer pessoa no planeta, as minhas imperfeições não justificam o meu desdém pelo meu carácter e corpo nem justificam que as pessoas tenham menos afecto por mim. Nem vou amar-me menos só porque as pessoas não conseguem fazê-lo da mesma forma. Coragem nos dias mais difíceis e emoção e conquista nos dias mais fáceis. Ser mulher é difícil mas (porra) é bom.

6 comentários

  1. Eu, pelo que te "conheço" do blogue, nunca na vida diria que és um pessoa insegura. :)

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  2. És linda, Inês. É só isso. Espero que tenhas tido um feliz dia!

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  3. Todos nós temos as nossas inseguranças os nosso defeitos, que não nos quer aturar, boa viagem. Podia ter sido eu a escrever isto, mas obviamente não escrevo tão bem como tu :)

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  4. Até me impressionou como compreendi cada linha do teu texto! Não é fácil termos perfeita noção de todas as nossas imperfeições e falhas e ao mesmo tempo, termos um feitio complicado para lidar com isso e mostrá-lo aos outros. Há uma frase muito conhecida pela internet que diz "por vezes sinto que as pessoas quando olham para mim estão a ver todos os defeitos que eu admito a mim mesma" e não é mentira... Mas pouco a pouco, com convicção, coragem e força vamos aprendendo a lidar connosco e sabemos aceitar-nos. Chega a uma altura que já sabemos bem o nosso valor e já não aceitamos nada ou ninguém na nossa vida que não nos traga boas energias! Não é bom para nós, é seguir em frente.
    Obrigada pela genuidade das tuas palavras, como sempre :)

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  5. Fantástica mensagem para todas as mulheres, Inês. Temos de nos aceitar com todas as imperfeições e inseguranças. Partilho de muito do que disseste neste texto :)

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  6. Que texto lindo :) Acho que devias adorar cada pedaço teu e, mesmo que condenes algumas das tuas atitudes, como dizes, mereces ser amada assim dessa forma!

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